Conta a lenda que, um dia, o que hoje é o mar de Dion,
cobriu a cidade-ilha que existia em Dion, no Reino de Yovir, e que por ser uma
cidade muito pequena, todos os moradores conseguiram escapar juntos, exceto uma
garota, por volta de 13 a 15 anos, muito bonita e querida por todos que tinha
um talento especial para desenhos, pinturas de quadros…: a filha do governador.
Era uma cidade humilde, mas com habitantes inteligentes que,
conseguiram, por meio de observações dos eventos naturais, prever a inundação
de Dion. Foi complicado convencer a todos de que era um evento possível de
acontecer, mas também provável que conseguissem escapar se descobrissem quanto
tempo ainda tinham, e assim manter a calma na cidade. O governador procurava,
com passeios por Dion, convencer os cidadãos de que com fé, união e
perseverança todos conseguiriam se mudar e começar uma vida nova em outro lugar
junto dos outros do Reino. Em fim, a
catástrofe estava prevista para aproximadamente sete dias e em um grande navio,
todos de uma só vez, atravessaram o canal que separava a ilhazinha do
continente.
Mas a pequena filha do governador havia saído para brincar e
não tinha voltado... Cinco dias se passaram em busca de Diona, mas para a
tristeza do governador, Dion era uma cidade fantasma agora; a única coisa que
encontravam eram desenhos; ele ia perdendo as esperanças de encontrar a filha.
No sexto dia, pela última vez o governador e alguns homens de confiança
procuraram a menina sem exito. Perceberam o mar um pouco revolto e já avançando
muito além da praia. Com medo, apressaram o governador para que pudessem ir
embora antes que fosse tarde.
Já no navio em direção ao novo lar, o governador olhava os
desenhos encontrados. Em todos havia água, peixes e a rua onde ela morava (ou
algo que fazia lembrar), dentro de um coração. As vezes, vinham com frases como
“É onde moro”, “Aqui, ficarei bem”, “Sempre soube que era diferente dos outros”,
“Também sentirei saudades”, “Não vou esquecer”. De primeira, não fazia muito
sentido para ele, mas não demorou muito para que todos ali no navio
compreendessem. O último desenho foi a chave: havia um agarota debaixo do mar,
sozinha (ou quase). Ao fundo, sombras, como se algo estivesse se aproximando
dela. Diona era uma sereia e por isso havia sumido, assim como sua mãe. Ela
estava triste por ter que viver em Dion, longe das pessoas que já tinha
aprendido a amar, mas se mostrava curiosa em seus desenhos, em saber como
seriam suas novas companhias.
Hoje, depois de tanto tempo, Diona deve estar uma moça, e
provavelmente rebelde, pois sempre deixa marca de mãos, como costumava fazer quando
ia à praia com seu pai, além de desenhos feitos de plantas aquáticas. “Ela é
uma sereia que gosta de sua natureza humana e os trata como família. Não
esquece, sente saudade, quer bem…”, dizem os habitantes de todo Yovir.
Se a cidade de Dion é habitada por sereias? É o que a lenda
conta, mas é como se o movimento das águas tivessem levado a areia do fundo do
mar a cobrir a cidade, pois expedições já acharam pedaços de janelas ou parte
de telhados onde deveria ser a cidade. São raros aqueles que assim, não
acreditam. Se essas expedições já acharam as sereias ou mesmo Diona? A lenda
não conta, mas acredita-se que Diona já as encontrou.
Em uma das cidades de Yovir, existe um museu que foi criado
em memória da cidade-ilha inundada. Os antigos cidadãos de Dion tiveram que se
espalhar pelo reino, mas se juntavam uma vez por ano, em festa, por conseguirem
escapar vivos, e a visita ao novo museu do reino, o Museu de Dion, era
obrigatória! Nesse museu, além de fotos de eventos importantes ou objetos de
valor que foram trazidos, havia sempre novas amostras das “marcas” que de
tempos em tempos encontravam na areia das praias – amostras essas que eram
aguardadas ansiosamente pelos que moravam mais distante do museu. O dono, o ex
governador de Dion, intitulava cada “obra” e as nomeava autoria de Diona.
Essas, “marcas” ou “obras” possuem uma ala só para elas até hoje. O nome da
ala? Não por ordem do dono do museu, mas pelos próprios habitantes de Yovir
(tantos os ricos como os pobres): A Lenda de Dion.
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