28/12/2016

Falta de Luz no Final da Tarde



Versão dela

Um dia faltou luz no meu prédio. Era final de tarde e tudo estava sem energia fazia só uns 20 minutos. Eu já tava entediada sem saber o que fazer. Meu celular tocou.


-Oi. - Atendi com um sorriso tímido no rosto ao ler o nome dele na tela do meu celular.
-Voce nao estava lá. -Ele disse.
-Que?
-No parque. Na ponta.
-Eu precisava terminar um job. - respondi me acomodando do no sofá, ainda feliz por estar falando com ele.
-”um job” - ele me imitou.
Apenas resmunguei “uhm”
-Entao está em casa? - ele parecia cansado agora.
- sim. Ainda ta correndo?
-Nao. Subindo a escada.
Não respondi. Ele também nao. Eu queria dizer alguma coisa mas não sabia o que. Quanto resolvi perguntar algo ele perguntou outra coisa por cima. Nos rimos.
-Pode perguntar. - ele disse
-Nao, não era importante. O que vc perguntou?
- Fala! Pode perguntar. Quero ouvir vc me perguntar.
-mas não é nada de mais garoto! - eu estava sem graça
-ok. Mas, primeiro as damas.
Respirei fundo. No fundo eu gostava desse jeito dele de ser insistente comigo.
-Como estava o por do sol hoje? -perguntei
- sem luz, já que você não tava la. -ele respondeu depois de alguns segundos.
Levei o mesmo tempo pra responder, fingindo não ter ligado para a resposta:
-Por isso queria tanto que eu perguntasse né? Já tava com a resposta pronta!
Ele deu uma pequena risada e respondeu:
-Quem sabe?!
Acontece que eu havia gostado de ouvir só porque veio dele. Definitivamente, eu estava apaixonada e tinha que admitir.
-ainda está aí? - ele perguntou
-Uhum
-Lembra da nossa conversa sobre entrar na vida de alguém?
-Claro. - eu respondi delicadamente. Eu já imaginava o que ele iria fazer.
-Voce abriria a porta pra mim?
Eu sabia que queria dizer sim. Mas não sabia se estava pronta pra isso. Até porquê, aquela pergunta carregava com ela muitos significados nas entrelinhas. (Quer ser minha namorada? Posso entrar na sua vida e te fazer feliz?)
-Você...abriria a porta pra mim? Estou aqui na frente.
-Que? -,eu olhei pra porta do meu apartamento que dá no corredor. Completamene desligada de meus pensamentos. Meu coração que palpitava rápido começou a voltar ao normal. “Será que ele só ta ali na frente pedindo pra eu abrir a porta pra ele entrar?”
-É, esse é o meu jeito novo de tocar a campainha.
Fechei os olhos, respirei fundo e controlei a raiva. Desliguei o celular me levantei, me recuperando de tudo para abrir a porta como se nada tivesse acontecido.
Abri.
-Vc desligou sem me dar tchau?- ele perguntou fingindo estar perplexo.
-Porque te daria tchau se ainda falaria pessoalmente com você? - virei as costas voltando para o sofá e deixando a porta aberta.
-o que estava fazendo aqui no escuro e no calor? -Ele perguntou se recostando na porta.
-Pra onde mais eu iria? - estava com mesma cara de tedio de antes dele me ligar
-Nem parece que mora a cinco minutos da praia! - ele caçoou de mim com braços cruzados.
-Bom, já ta escuro. Eu não saio sozinha a noite. - eu não olhei pra ele ao responder. Ele sabia que essa não era uma desculpa valida pra mim.
-Sei. -foi o que ouvi
Olhei pra ele. Ele se desgrudou dá porta e sorriu. Falou enquanto vinha na minha direção e me puxava pela mão para fora de casa:
-entao já arrumou uma companhia pra caminhar na praia. Oh serio? É claro que eu quero caminhar na praia com você. Será.um prazer.
-O que está fazendo? - eu disse fazendo ele parar. - você acabou de correr, ta me chamando pra caminhar?!
-Qual é, eu te pago uma água de coco. -ele sorriu de lado, ainda segurando minha mao.
-Uma água de coco não é pouca coisa! - eu brinquei já que o valor da água de coco na praia de Icaraí já está num preço exagerado a um bom tempo. Tirei minha mao da mão dele com pouca sutileza e disse.- OK.  Você carrega meu celular é minhas chaves.- eu peguei os dois que estavam em cima da mesa de centro.  E quando eu ia fechar a porta, todas as luzes e meu ventilador ligaram novamente.
-Voce não ia desligar tudo? ,-ele implicou comigo num tom de reprovação
-xiiiu! - eu disse para se calar e fui apagar as luzes antes de irmos.




Versão dele




Um dia faltou luz no meu prédio. Era final de tarde e tudo estava sem energia fazia só uns 20 minutos. Pelo menos foi o que o porteiro me disse quando veio pessoalmente abrir o portão pra mim. Estava correndo no Campo de São Bento e pretendia passar o final da tarde com Ela, assistindo filme como ameaçado por mim na semana passada. Já que estávamos sem luz, pensei em outra coisa. Enquanto entrava pela portaria e subia as escadas, liguei pra ela.


-Oi. -  Ouvi a voz dela como se ja esperasse que eu ligasse.
-Você nao estava lá. -Eu disse.
-Que?
-No parque. Na ponte. -Eu subia as escadas imaginando as expressões que ela estaria fazendo. Isso me fazia sorrir.
-Eu precisava terminar um job. -Ela respondeu rápido como se fosse óbvio.
-”um job” - Eu imitei.
Ainda no quinto andar, minha respiração ja estava um pouco mais pesada. Ouvi ela resmungar “uhm”
-Entao está em casa? -Eu disse fazendo uma pausa entre o "então" e o resto da frase para respirar.
-Sim. Ainda ta correndo? -Ela perguntou em um tom que me pareceu realmente curiosa
-Nao. Subindo a escada. -Eu sorri de canto


Ela não respondeu. Eu também nao. Fiquei imaginando o que ela estaria fazendo que não falava, eu queria ouvir a voz dela. Mas eu queria continuar falando com ela até que eu chegasse em frente a porta de seu apartamento. Por isso pensei então em perguntar algo a esse respeito, mas que ela pensasse que eu estava falando de um assunto sério sobre qual ja conversamos. A reação dela seria minha resposta sobre o próximo passo a dar.


No mesmo momento em que perguntei, ela também puxou assunto. Nós rimos.


-Pode perguntar. -Falei
-Nao, não era importante. O que você perguntou?
-Fala! Pode perguntar. Quero ouvir você me perguntar. -Eu realmente gostava de ouvir ela me fazer perguntas.
-Mas não é nada de mais garoto! - Nitidamente ela estava sorrindo
-Ok. Mas, primeiro as damas. -Insisti
Depois de alguns segundos ela perguntou.
-Como estava o por do sol hoje?
-Sem luz, já que você não tava la. -Respondi depois de pensar por uns segundos se dizia o que realmente queria dizer. E disse.
Ela levou o memso tempo para me responder de volta. Dessa vez, seu tom de voz parecia muito certo do que estava dizendo. Talvez ela não estivesse mesmo levando a sério o que eu disse. Quero dizer, se ela tivesse gostado, eu sentiria as palavras saindo dentro de um sorriso como no resto da conversa.
-Por isso queria tanto que eu perguntasse né? Já tava com a resposta pronta!
Eu ja tinha chegado em frente ao apartamento dela. Estava recostado na parede ao lado da porta. Mesmo com a incerteza, me mantive confiante. Respondi com uma risada de canto.
-Quem sabe?!
Ela ficou em silêncio de novo. Olhei para a porta ao meu lado e perguntei.
-ainda está aí? -
-Uhum
-Lembra da nossa conversa sobre entrar na vida de alguém? -Algo me dizia que valeria a pena eu testá-la
-Claro. - Ela respondeu delicadamente. Isso me trouxe a certeza. Ela provavelmente imaginava o que eu ia dizer.
-Voce abriria a porta pra mim? -Disse contendo um sorriso, me posicionando de frente pra porta.


Sobre o assunto do qual eu sabia que ela estava imaginando, eu queria dizer sim. E estava pronto pra isso.Mesmo que essa pergunta que fiz carregasse com ela muitos significados nas entrelinhas. (Quer ser minha namorada? Posso entrar na sua vida e te fazer feliz?)
O silêncio dela, acompanhado da respiração que eu podia escutar me fizeram acreditar que ela correspondia ao que eu sentia. Talvez não estivesse pronta para responder ainda. Se não fosse ssim, ela já teria me dito um "não". Então deixei a cena um pouco menos tensa.


-Você... abriria a porta pra mim? Estou aqui na frente.
-Que? É, esse é o meu jeito novo de tocar a campainha?


Depois de alguns segundos ela abriu a porta. Maxilar contraido, olhar penetrante, nitidamente atordoada com o que eu tinha feito. O celular ainda estava na mão dela, mas ja com a ligação encerrada. Eu estava com o meu no ouvido. Tirei e guardei enquanto disse fingindo estar perplexo e ignorando o estado dela.
-Você desligou sem me dar tchau?
-Porque te daria tchau se ainda falaria pessoalmente com você? - ela virou as costas indo para o sofá e deixando a porta aberta.
-o que estava fazendo aqui no escuro e no calor? -Eu perguntei recostando na porta, olhando ao redor da sala.
-Pra onde mais eu iria? - Ela estava com cara de tédio e evitando olhar pra mim, como se estivesse chateada.
-Nem parece que mora a cinco minutos da praia! - Eu caçoei dela com braços cruzados.
-Bom, já ta escuro. Eu não saio sozinha a noite. - Ela disse a pior desculpa do mundo
-Sei. -Disse desgrudando da porta e sorri. Fui até ela e a puxei pela mão pra fora de casa:
-Entao já arrumou uma companhia pra caminhar na praia. Oh serio? É claro que eu quero caminhar na praia com você. Será.um prazer.
-O que está fazendo? - Ela lutou comigo para nao chegar até o corredor - você acabou de correr, ta me chamando pra caminhar?!
-Qual é, eu te pago uma água de coco. -Sorri de lado, ainda segurando sua mão.
-Uma água de coco não é pouca coisa! - Ela sorriu. Tirou sua mao da minha e disse.- OK.  Você carrega meu celular é minhas chaves.- Peegou os dois que estavam em cima da mesa de centro.  E quando ia fechar a porta, todas as luzes e o ventilador ligaram novamente.
-Voce não ia desligar tudo? ,-Implicou num tom de reprovação

-xiiiu! - Ela franziu a testa para que eu me calar, mas eu reparei que ela escondeu o sorriso. Desligou tudo e desceu comigo até a praia.

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