18/06/2015

Uma das Primeiras Brigas



Eles tinham brigado fazia uns 30 minutos.  Na verdade já estavam estranhos um com o outro à alguns dias e Ele quis conversar. Marcaram num café que tinha perto do curso em que ela estudava a noite, assim, quando terminasse a aula dela, ele a estaria esperando lá. Depois a levaria de carro pra casa.
Discutiram sobre qualquer coisa boba: Não dar atenção quando prometeram dar, não atender algumas ligações, não falarem o que estavam sentindo... Ambos sabiam que estavam errados. No fundo sabiam.
Ela saiu de la sem tomar todo o chocolate quente que tinha pedido, dizendo que pegaria o ônibus mesmo, que ele não precisaria se preocupar.
-Mas está chovendo...! –Ele disse mas não completou a frase.
-Não sou de Papel. Eu trouxe guarda chuva. –Ela falou assustada com o trovão alto que ecoou entre a fala dele e a dela. E saiu.
Ele apoiou os cotovelos em cima da mesa e segurou a cabeça entre as mãos respirando fundo. Sabia que não adiantaria ir atrás dela naquela hora, mesmo querendo fazer isso. Ela não estava só irritada. Por algum motivo estava chatiada, chorosa... Então achou melhor dar um tempo pra ela se acalmar e então falaria com ela, ainda naquela noite!
Ela já tinha tomado banho e trocado de roupa. Estava séria, assistindo sua série pelo computador, em seu quarto. Ouviu a campainha tocar, mas seus pais e irmã estavam em casa, poderiam atender. Alguns minutos depois ela percebe que alguém está parado em frente a porta de seu quarto, que estava aberta. Ela olhou e viu que era Ele e afundou o rosto nas mãos. Ajeitou o cabelo, respirou fundo e se virou pra ele sem dizer nada, nem fazer mais nada.
Ele entrou no quarto de vagar:
-Gosto desse episódio. O final é bem... bonito.
Ela não respondeu. Só sorriu de lado porque sabia como terminava o episódio. Com o casal dizendo que estariam juntos sempre e se ajudando, mesmo que tivessem que enfrentar a situação de que não poderiam ficar juntos. Com uma musica de fundo super romântica pra fazer qualquer um se emocionar.
Ele se ajoelhou pra ficar na altura dela que continuava sentada e disse segurando sua mão fazendo carinho:
-Eu sei que fiquei mais tempo com outras pessoas do que com você essas duas semanas. Foi questão de necessidade, mas... Eu sei... eu devia ter dado um jeito de te ver pelo menos no fim de semana, de te ligar a noite...  Me perdoe, eu não sou e nem vou ser perfeito sempre. Mas preciso que você me diga quando não estiver feliz, quando achar que algo está errado. Lembra que prometemos isso?
-Eu sei. –Ela respondeu de cabeça baixa. –Eu só não queria parecer que estava querendo te sufocar, não quero ser possessiva! Me desculpe por isso. Me desculpe por não atender às suas ligações só porque não atendeu algumas minhas.
Ele levantou a cabeça dela para que pudesse olhar em seus olhos e com seus olhares e sorrisos, sem dizer mais nada... Se perdoaram e combinaram de pararem de briguinha.
A chuva tinha diminuído, mas ainda havia barulhos de trovoadas distantes e então ele sorriu:
-É o clima que mais gostamos. Está chovendo pela primeira vez esse mês e não estamos aproveitando? Não aproveitamos la no café!?
Ela sorriu triste por ter que concordar com ele. Ele ouviu a música do episódio que indicava que já estava chegando no final e como sempre, teve uma ideia.  A levantou pela mão e a puxou pra perto de si. Com uma mão em  sua cintura e a outra segurando a mão no ar começou a dar alguns passinhos de leve com ela, no ritmo da música do seriado. Ela riu:
-Sua mão tem ser nas minhas costas, não na minha cintura. –Ela falou consertando ele que apenas sorriu sem desviar os olhos dela.
Mas Ela mudou logo de posição. O abraçou pela cintura e encostou sua cabeça no peito dele. Ele a envolveu e ambos só aproveitaram aquele momento, ouvido o som da chuva e de alguns trovões ao longe... a música do episodio que estava chegando ao final e sentindo suas respirações. Ela olhou pra ele sem se desgrudar:
-Obrigada por vir atrás de mim e se desculpar primeiro. Me desculpa por ter saído de la do café... Eu chorei no ônibus por ter feito isso. Mas não tinha mais como voltar, e... e quando cheguei em casa, nem te liguei!
-Tudo bem. –Ele fazia carinho nela enquanto ainda se balançavam. –E eu não ia dormir brigado com você né?! Sei que se eu tivesse feito algo assim, você também viria até mim. –E deu em beijo em sua cabeça. –Eu te amo. Ta? – E a fez olhar pra ele. –Ouviu?
-Sim. Eu também amo você. Muito! –Ela disse sorrindo.
-É? –Ele desceu suas mão até a cintura dela e ela se desgrudou um pouquinho dele.
-É. Muito, muito. –E riu e voltou a abraça-lo forte e se recostar nele.

E ficaram assim. Dançando a música que só eles ainda escutavam, porque a do episódio já tinha terminado.

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