Era um sábado chuvoso e frio. Estava de tardinha e
o barulho da chuva era agradável e apropriado pra se estar juntinho de quem
ama. Estava um tempo daqueles que
raramente vivemos em que tudo parece agradável e feliz, sem preocupação alguma
na cabeça ou coisas a resolver. Ela e
Ele estavam em casa e finalmente
tinham terminado todos os afazeres. A louça do almoço já estava lavada e a
cozinha arrumada. Os móveis estavam sem pó e a bagunça da semana já tinha sido organizada.
Tudo foi feito de manhazinha porque ambos tinham planejado passar a tarde e a
noite juntos fazendo o “nada” deles, ou vendo filmes na tv. Pois na sexta não
puderam fazer a noite de filmes como faziam desde a época em que eram apenas namorados.
Ele tivera que ficar uma hora a mais no
trabalho e depois, ainda ficou um tempo na internet até tarde pagando contas
que estavam a ponto de vencer e respondendo e-mails que já deveriam ter sido
respondidos. Mas naquela sábado a tarde tudo estava resolvido e eles só queriam
curtir o momento juntos, que quase não tiveram naquele mês.
Ela
estava de 27 semanas de gravidez e por isso assim que se sentou no sofá, sentiu
chutes bem fortes. Ela riu e colocou a mão sobre a barriga e chamou seu marido.
Ele estava fechando as cortinas da
sala para ficar mais escuro e perguntou ao ouvi-la chamando:
-Que foi? –Ele se virou e viu o sorriso no rosto
dela. Uma mão em cima da barriga e outra esticada chamando por ele com ansiedade.
-Anda, vem aqui.
Ele está se mexendo de novo.
Ele
correu e se ajoelhou na frente dela pra ouvir e sentir.
-Ei garotão, você está agitado hoje é? –Ele falou
animado
-Será que ele ouviu o barulho da chuva? Está mais
forte agora. –Ela sugeriu
-É a chuva é? Gosta da chuva também? –Ele fez carinho desta vez na barriga e
ele se mexeu mais forte de maneira que Ela
sentiu um desconforto. –Ei, Josh, não se mexe tanto não que se não a mamãe sente
dor aqui fora. Ta bom?
O bebê parou de se mexer e quando pareceu que tinha
sossegado, Ele se levantou pra preparar o filme que iram ver.
-Ah a pipoca, como íamos esquecer dela? Que
absurdo! –Ela riu e se levantou pra
ir fazer.
Quando voltou com os dois baldes de pipoca na mão
estava com atesta franzida.
-Ele ta ancioso hoje hein. –E sorriu de lado. –O que
não mexer durante a semana, está mexendo hoje.. Chutando... –Ela se sentou.
-Tive uma ideia. –Ele apoiou os baldes de pipoca nos puffs onde esticariam os pés e segurou
na mão de Ela.
-Ah você não quer que eu levante de novo né? –Ela reclamou,
sabendo que teria que levantar.
-Vem, ele vai gostar. Vocês dois. –Ele a ajudou a
levantar e a fez se sentar à janela do quarto deles, onde perto, tinha um
teclado. Quando ele se sentou em frente o teclado e o ligou, Ela sorriu e se acomodou com a mão
sobre a barriga.
E ele começou a tocar. Uma música lenta e gostosa,
feliz e que fazia uma harmonia maravilhosa com o barulho da chuva la fora.
Ele virava a cabeça pra olhar nos olhos de sua
esposa que ainda estava sorrindo, olhando pra ele. Ele também sorria e a olhava
com doçura. Na segunda vez que ele olhou pra ela, a viu gesticulando e mexendo
a boca ao sussurrar “Está funcionando”.
Então Ela
se levantou de vagar e foi até seu marido. Colocou as mãos no ombro dele e fez
carinho em seus braços e cabelo. Se apoiou nele e ficou assim, apreciando
aquele momento até que terminasse de tocar a música.
Quando ele terminou, se virou pra ela e se olharam
sem dizer nada, mas dizendo muitas coisas. Ele
beijou a barriga dela, e ela segurou
o rosto dele e o beijou.
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