17/06/2015

Tardinha chuvosa e eles 3



Era um sábado chuvoso e frio. Estava de tardinha e o barulho da chuva era agradável e apropriado pra se estar juntinho de quem ama.  Estava um tempo daqueles que raramente vivemos em que tudo parece agradável e feliz, sem preocupação alguma na cabeça ou coisas a resolver. Ela e Ele estavam em casa e finalmente tinham terminado todos os afazeres. A louça do almoço já estava lavada e a cozinha arrumada. Os móveis estavam sem pó e a bagunça da semana já tinha sido organizada. Tudo foi feito de manhazinha porque ambos tinham planejado passar a tarde e a noite juntos fazendo o “nada” deles, ou vendo filmes na tv. Pois na sexta não puderam fazer a noite de filmes como faziam desde a época em que eram apenas namorados.  Ele tivera que ficar uma hora a mais no trabalho e depois, ainda ficou um tempo na internet até tarde pagando contas que estavam a ponto de vencer e respondendo e-mails que já deveriam ter sido respondidos. Mas naquela sábado a tarde tudo estava resolvido e eles só queriam curtir o momento juntos, que quase não tiveram naquele mês.

Ela estava de 27 semanas de gravidez e por isso assim que se sentou no sofá, sentiu chutes bem fortes. Ela riu e colocou a mão sobre a barriga e chamou seu marido. Ele estava fechando as cortinas da sala para ficar mais escuro e perguntou ao ouvi-la chamando:
-Que foi? –Ele se virou e viu o sorriso no rosto dela. Uma mão em cima da barriga e outra esticada chamando por ele com ansiedade.
-Anda, vem aqui.  Ele está se mexendo de novo.
Ele correu e se ajoelhou na frente dela pra ouvir e sentir.

-Ei garotão, você está agitado hoje é? –Ele falou animado
-Será que ele ouviu o barulho da chuva? Está mais forte agora. –Ela sugeriu
-É a chuva é? Gosta da chuva também? –Ele fez carinho desta vez na barriga e ele se mexeu mais forte de maneira que Ela sentiu um desconforto. –Ei, Josh, não se mexe tanto não que se não a mamãe sente dor aqui fora.  Ta bom?
O bebê parou de se mexer e quando pareceu que tinha sossegado, Ele se levantou pra preparar o filme que iram ver.

-Ah a pipoca, como íamos esquecer dela? Que absurdo! –Ela riu e se levantou pra ir fazer.
Quando voltou com os dois baldes de pipoca na mão estava com atesta franzida.
-Ele ta ancioso hoje hein. –E sorriu de lado. –O que não mexer durante a semana, está mexendo hoje.. Chutando... –Ela se sentou.
-Tive uma ideia. –Ele apoiou os baldes de pipoca nos puffs onde esticariam os pés e segurou na mão de Ela.
-Ah você não quer que eu levante de novo né? –Ela reclamou, sabendo que teria que levantar.
-Vem, ele vai gostar. Vocês dois. –Ele a ajudou a levantar e a fez se sentar à janela do quarto deles, onde perto, tinha um teclado. Quando ele se sentou em frente o teclado e o ligou, Ela sorriu e se acomodou com a mão sobre a barriga.

E ele começou a tocar. Uma música lenta e gostosa, feliz e que fazia uma harmonia maravilhosa com o barulho da chuva la fora.
Ele virava a cabeça pra olhar nos olhos de sua esposa que ainda estava sorrindo, olhando pra ele. Ele também sorria e a olhava com doçura. Na segunda vez que ele olhou pra ela, a viu gesticulando e mexendo a boca ao sussurrar “Está funcionando”.
Então Ela se levantou de vagar e foi até seu marido. Colocou as mãos no ombro dele e fez carinho em seus braços e cabelo. Se apoiou nele e ficou assim, apreciando aquele momento até que terminasse de tocar a música.


Quando ele terminou, se virou pra ela e se olharam sem dizer nada, mas dizendo muitas coisas. Ele beijou a barriga dela,  e ela segurou o rosto dele e o beijou.

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